Olhar para dentro é necessário.

É o que eu acho.
Na verdade, tenho até certeza...

Esse Natal foi fresquinho, a partir de um certo horário. O céu foi fechando, ficando cinza com nuvens pesadas. E claro que choveu, né? Mas é um tempinho que eu particularmente gosto muito. Calor é um saco! Suor, fedor, estresse... Argh! Enfim. Tive a maravilhosa ideia de ir para a varanda, e ficar com os braços apoiados na 'mureta' - esqueci como se chama aquilo, afê -, olhando a paisagem, sentindo o vento gelado soprando no rosto, estilo cena de filme. Só que daí percebi que as pessoas que passavam se atraíam com aquela imagem absurdamente etérea e fiquei sem graça. Por isso, peguei a rede e fiquei deitada nela, deixando o tempo passar...
E viajei legal.
Não sei muito bem explicar a sensação, mas com certeza todo mundo já deve ter sentindo. Olhar o céu pesado é como se estivesse vendo o reflexo do que está dentro de você mesmo. Afinal, duvido que exista nesse mundo uma pessoa que não carregue uma carga extra, e não estou apenas me referindo sobre amores que não deram certo. Pode ser uma preocupação com algum ente querido, algo que aconteceu no passado e se carrega até hoje, ter brigado com alguém e se arrepender mais tarde por estar errado... São tantas as coisas que podem deixar uma pessoa com o coração apertado. Então, lembrei de algo que me deixou bem tristinha, não que eu esqueça em algum momento, porém ali, deitada, sozinha, sem fazer nada... fui pega por uma melancolia que pensei que fosse me engolir.
Podia me levantar e assistir televisão e mandar o céu para os raios que o partam e rir da cara dele, pois logo anoiteceria e tudo ficaria escuro...
... mas ainda assim melancólico.
Entretanto, não fiz isso. Fiquei lá, pensando em tudo que eu não queria pensar. Agora o motivo deu fazer isso? Não sei. E de estar escrevendo sobre isso aqui? Há, pior ainda.
Sei lá, talvez tenha alguém que faça algo parecido. E eu aconselho que se faça isso. É uma forma de organizar as ideias e os sentimentos e quem sabe encontrar uma solução. No entanto, cada um tem sua forma de ficar sozinho. Alguns num quarto escuro, outros na praia vendo o vai-e-vem das ondas... tanto faz. Permita-se deixar que sua própria mente o leve para um lugar que ninguém pode enxergar. Nem mesmo você... Um lugar onde a dor está concentrada em imensa quantidade.
Resumindo: o seu ponto fraco.

Depois quando estava ficando escuro, guardei a rede e fui assistir algo... A vida continua, certo?
Aposto que essa é uma das principais conclusões que se deve chegar depois de ter tido um tempinho a sós.
É a mais importante.

Beijos. ;)